segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A MENINA DEBUTOU - A maturidade da Internet - Douglas Gregorio::

A Internet no Brasil caminha a largos passos em sua definição de mídia de massa.

As pré-condições para que isso ocorra estão evoluindo cada vez mais. O “eletrodoméstico” mais vendido no varejo atual é o PC. Lan houses multiplicam-se nas grandes e pequenas cidades, demonstrando que se tornaram uma excelente opção de investimento para microempresários. Os telecentros estão se expandindo principalmente a partir das escolas públicas, fazendo com que as novas gerações oriundas das classes C e D possam ser digitalmente incluídos.

Os educadores não podem mais ignorar a Internet como ferramenta de trabalho, e os preconceitos contra processos educativos eletrônicos estão cada vez mais fracos. A educação à distância cada dia mais deixa de ser observada como solução paliativa para aqueles que buscam alternativas para conciliar estudo e outros afazeres. Aliás, muito pelo contrário. A educação tradicionalmente presencial é que começa a ser questionada, na medida em que a interação professor-aluno, ao que tudo indica, pode ser melhor trabalhada no ambiente virtual, superando bloqueios interpessoais, com praticidade na otimização do tempo e personalização do atendimento.

Tudo isso sem contar a realidade da ampliação das comunidades de interesse que promovem a aglutinação de elementos antes dispersos, fazendo com que possam ser facilmente localizados em seus nichos e trabalhados em termos de comunicação – the long tail.

No que diz respeito à comunicação publicitária, percebe-se claramente o quanto se desenvolve cada vez mais uma “personalidade web”. A Internet deixou de ser uma versão eletrônica de tradicionais veículos impressos e uma adaptação dos veículos eletrônicos, para ser ela mesma, a Internet.

Nos festivais publicitários, incluindo o principal deles, Cannes, constata-se cada vez mais que as peças virtuais adquirem uma nova personalidade. Não mais são planejadas e desenvolvidas no objetivo de se fazer uma comunicação online, mas sim uma comunicação na Internet. Qual a diferença? Enorme diferença. Uma peça online era um mero informe, uma espécie de “take-one eletrônico” onde se contava com a sorte de se encontrar um internauta interessado e, contar com mais sorte ainda para que este contato resultasse numa venda – “pelo amor de Deus, clique aqui!”. E como são hoje?

Hoje a comunicação publicitária na Internet exige um planejamento muito mais apurado e complexo, já que as novas gerações de internautas, e mesmo as gerações mais antigas que evoluíram, assumem um novo comportamento diante dos acessos à Internet, que não mais se restringem ao tradicional PC. Comunidades de interesse foram para além dos fóruns de discussão e dos sites de relacionamento que se banalizaram. Elas transformam-se em portais e websites desenvolvidos com recursos interativos muito mais sofisticados do que as antigas meras homes informativas. Os blogs são agora muito mais que brincadeiras de adolescentes e diários virtuais, e a comunicação via celular deixa de ser concebida como recepção de e-mails e torpedos para ampliar a interatividade dos PCs, levando-os para os bolsos dos internautas, fazendo-se então cada vez mais presentes e interativos, logo influentes.

Enfim, a Internet no Brasil e no mundo amadurece e evolui, tornando-se independente das mídias tradicionais para adquirir cada vez mais autonomia e, provavelmente, hegemonia em um prazo talvez não longo.

É o momento dos planejadores refletirem (agindo) sobre a Internet, atentando para o fato de que, com sua emancipação das mídias tradicionais, estabelece-se uma relação de interdependência e mesmo de fusão, já que a tecnologia pode reunir num único aparelho recursos de todas as mídias tendo a Internet como espinha dorsal, e sendo ela realidade cada vez mais presente na cultura tanto de novas como antigas gerações.

A Internet vem gerando, com uma velocidade incrível, novas linguagens e novas influências sobre o comportamento da sociedade contemporânea, muitos deles imprevisíveis, dada a tamanha dinâmica possível; não mais banners e flyers, mas sim advergames e podcasts; não mais links e spams, mas os feeds e comunicadores instantâneos cada vez mais presentes, só para citar alguns exemplos.

E quanto aos senhores anunciantes e comandantes das agências, é chegada a hora de criar mais coragem e dirigir investimentos para a mídia que mais futuro promete a partir de um presente real, apesar de toda sua virtualidade.