segunda-feira, 31 de março de 2008

O SIGNIFICADO DO SUCESSO

Pretendo refletir sobre este tema que, apesar de não ser especificamente dirigido aos planejadores, não somente serve a qualquer campo de atuação profissional como fala de um modo muito especial aos publicitários.

Optamos por um mercado profissional extremamente competitivo. Celso Loducca anos atrás falou na Folha de São Paulo sobre o mito dos altos salários do mercado publicitário, comparando a atividade com o futebol. Disse que existem sim salários altos, mas para os poucos grandes craques nos poucos grandes clubes, e que a maioria das oportunidades vai surgir mesmo nos pequenos clubes que pagam salários baixos.

Eugênio Mohallen escreveu no seu Manual do Estagiário algo que vai de encontro ao mesmo raciocínio: “Conseguir estágio em agência é quase tão difícil quanto conseguir vaga de astronauta da NASA.

Já ouvi depoimentos de profissionais que atuam ou atuaram em alguma das top ones do mercado, que ficaram aterrorizados ao perceber uma suposta incidência acima do comum de olhares atentos no local de trabalho; reagiram disfarçando seus jobs para não serem copiados, ou então indo ao banheiro para analisar se o rosto está apresentando muitas rugas, alopecia ou cabelos brancos.

A competitividade, apesar de assumir diferentes características nos diferentes ambientes profissionais e outras dimensões de associação humana, é sempre presente por ser inerente à nossa natureza.

Por isso, a vida ensinou-me uma grande lição: lidar com o sucesso é muito mais difícil que lidar com o fracasso. E não somente pela tentação do salto alto.

Qual de nós já não se deparou com aquele case tipo abacaxi, que fica sendo empurrado daqui para lá, cá e acolá porque ninguém quer assumir o rojão? Então, quando aquele cavaleiro da esperança surge com toda abnegação deste mundo na tentativa de encontrar a tão procurada solução, não raro é taxado de imaturo e ingênuo, ou então lhes são dirigidos comentários maldosos que o taxam de incapaz de gerar a confiança necessária para assumir um projeto mais promissor, apegando-se na última esperança de salvar seu emprego.

Quando finalmente o tal abnegado encontra a tão desejada solução, na maioria das vezes com pouca ou nenhuma ajuda de onde ela poderia e deveria sair, uma reação comum é a de se verificar desconfiança quanto à sua eficácia e longevidade.

Porém, o tempo vai passando e o tal projeto, antes feito de cão sarnento perdido em cidade grande, acaba por tornar-se referencial de eficiência... ainda mais se ele for agraciado com um prêmio de vulto.

Aí então muda a tônica dos comentários. Surgem os especialistas em genealogia que identificam parentes do colega atuando na cúpula decisória do cliente através dos sobrenomes: Silva, Santos, Oliveira e outros assim, pouco comuns. Há ainda aquele que diz saber que o colega namorou no tempo de colegial uma amiga da prima da cunhada da manicure da ex-esposa do presidente da empresa. O colega acaba ganhando um tio na câmara dos deputados. É claro, o colega que é um adulador demonstrou-se um centralizador presunçoso e alcagüeta que desagrega a equipe, lançando mão de procedimentos pouco éticos para tirar de seu caminho qualquer ameaça à sua posição. Isso quando não começam a jurar que o viram saindo ou entrando no motel acompanhado de uma pessoa intimamente aparentada com um dos diretores, mas é claro, não pode citar quem sob pena de perder o emprego. Outro ainda vai jurar que já havia apresentado uma solução na mesma linha, mas ela foi desprezada pelos seus superiores e copiada pelo colega.

Enfim, parece que ninguém entende por que um projeto tão acanhado e sem brilho foi premiado, e duvidam que ele tenha revertido em lucratividade significativa para a agência e para o cliente, por mais que se mostrem os indicadores.

Numa dinâmica de grupo da qual participei anos atrás para o departamento de marketing de uma grande financeira, a diretora disse que em termos de comunicação boca-a-boca fatores positivos se multiplicam por doze, enquanto negativos se multiplicam por trinta.

Assim meus amigos, se foi difícil alcançar o sucesso, muito mais difícil ainda é experimentá-lo, mantê-lo e, principalmente, compartilhá-lo.

Preparemo-nos para o sucesso.






Douglas Gregorio.

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