domingo, 17 de agosto de 2008

AS LIÇÕES DO MONGE SHAOLIN - para transformações de impacto, comunicação de impacto.



O marketing esportivo sem dúvida é uma das vertentes que mais reflete a nova realidade da comunicação publicitária.

Tive o privilégio de anos atrás desenvolver alguns projetos em parceria com Amauri, ouro no vôlei em Barcelona, e mais recentemente participar de uma complexa reunião com a cúpula da Penalty na América Latina estudando e redefinindo conceitos no concorrido mercado de calçados esportivos.

Num Brasil e num mundo onde é incrível a velocidade com a qual conceitos mercadológicos como classe social, desejo do consumidor, necessidades e outros se transformam, invertem, reinvertem, a exigência que recai sobre os publicitários em geral faz com que soframos uma pressão quase que insuportável.

No atendimento, como fazer a ponte entre cliente e agência satisfazendo aos dois extremos? Na mídia, qual a melhor forma de se atingir o consumidor que ora está na TV aberta, ora está na Internet e ora exige diferenciais no ponto de venda? Criativos então, parecem que se sentem tal qual o Dr. Frankstein em busca do segredo da geração da vida juntando retalhos de cases de sucesso combinados a elementos de ponta na tecnologia e novos paradigmas comunicacionais na ânsia de definições, ainda que efêmeras, sobre o target. E o planejamento então? Como realizar a alquimia do norteamento estratégico de todo este processo mutante e veloz, sendo ao mesmo tempo solicitado pela agência a convencer o cliente de que a proposta tem bases sólidas que garantirão retorno dos investimentos... uma salada.

Porém... será que todo este desafio e toda esta dinâmica não é justamente aquilo que nos provoca prazer?

Alguns radicais gostam de escalar montanhas, saltam de aviões, arriscam-se com altíssimas velocidades... outros radicais buscam a melhor forma de comunicar-se e compreender o consumidor gerando altas doses de adrenalina na produção e lançamento de campanhas e ações mercadológicas.

Ser diferente dentro da onda comum – o desafio... se a onda é olimpíadas, como garantir o diferencial diante disso tudo?

Perplexo diante de tanta dinâmica e multiplicidade, o mercado publicitário hoje apresenta uma forte tendência a absorver em suas fileiras profissionais com sólida base em conhecimentos humanísticos, como antropólogos, sociólogos, psicólogos e filósofos que os assessorem na compreensão desta transição civilizatória entre a cultura industrial e a cybercultura, uma revolução que não pode ser ignorada.

Assim, aproveitando esta vertente, cabe lembrar que no imaginário social a imagem do atleta esteve profundamente ligada à devoção – desde a antiguidade muitos campeões se divinizaram – constituindo na verdade uma versão ligth da figura do guerreiro.

Representantes de identidades nacionais, atletas e campeões conferem ao povo o orgulho e a positividade na segurança existencial de que estão no caminho certo.

A campanha “Conspiração Pequim” da Olympikus reflete este espírito. Confiram as informações que seguem:

A Olympikus, marca que veste a delegação brasileira com 53 mil peças, aproveitou os jogos para colocar no ar a maior campanha de sua história, com verba de R$ 20 milhões e que será veiculada até o final de agosto. A iniciativa, intitulada Conspiração Pequim, inclui um comercial estrelado pelo técnico do vôlei Bernardinho e pelo jogador Giba, criado pela DCS. O filme teve verba de R$ 1,5 milhão. Sites, blogs e um game exclusivo, com qualidade de playstation, também integram a ação. O site da campanha, que marcou a segunda fase da iniciativa, foi criado pela agência gaúcha em parceria com a agência digital AG2. Esta é a terceira vez que a Olympikus investe nos jogos olímpicos. “Uma parceria de sucesso com o COB e com o esporte olímpico brasileiro. Mais uma oportunidade de mostrarmos ao mundo o avançado estágio de tecnologia e design dos nossos produtos. Estamos seguros que teremos uma grande visibilidade na China sendo a marca oficial dos atletas brasileiros”, conta Marcio Callage, gerente da divisão de marketing da Olympikus. E a marca vai além do Brasil na presença nos jogos. A Olympikus também veste os atletas das Ilhas Cayman, República Dominicana, Granada, Haiti, Nicarágua, Suriname e Uruguai. (Fonte: Propmark).

No espírito antropológico acima descrito, a comunicação da campanha faz a ponte entre estes heróis do passado – evocados no Bernardinho, velho monge e mestre da milenar China – que misticamente se faz presente na mente de Giba, herói da atualidade o qual se vê importunado num ataque de inimigos, tal como os antigos e valorosos guerreiros Shaolin que se destacam na história chinesa por seus incríveis feitos e habilidades praticamente mágicas.

Esta é a associação de idéias que aparece nesta fortíssima campanha publicitária que não pode ser ignorada, ainda mais nos paradigmas que rompe.

Rompe com o monopólio das grandes e badaladas empresas de comunicação, top ones que costumam encabeçar investimentos deste porte; rompe com a planejadíssima e inovadora estratégia de mídia que adapta-se liquidamente aos mais variados recipientes de contato com o consumidor; inova nos conceitos estratégicos, ousados no posicionamento dos ícones associados à marca desvinculando-a do complexo de colonização, realçando seus valores de marca internacional de origem brasileira.

Depois das chocantes revelações de “O Código da Vinci”, a civilização ocidental aproxima-se da oriental via olimpíadas, numa grande conspiração que segue a mesma tônica da revisão de suas raízes místicas, revelando no fim o Grande Herói, divinizado pelos louros olímpicos, Giba, que trás consigo a insígnia triunfante Olympikus – mensagem forte, não acham?!

Tradicional potência olímpica, os Estados Unidos vêem-se subjugados pela ascensão da China que, além de sediar com distinção o evento, lhe furta o podio muitas vezes de forma inesperada; uma conspiração internacional civilizatória em que tadicionais inimigos – comunistas e capitalistas – encontram-se tal qual a profecia que a nós chega de trem na arte de nosso saudoso Raul Seixas: “Ói, olha o bem, vem de braços e abraços com o mal num romance astral”... parceria que reflete igualmente no comércio internacional. Eles se amam.

Com toda certeza, estas olimpíadas refeletem de forma muito especial o espírito de transição civilizatória dos nossos tempos, cuja compreensão e estudo publicitários que almejam ao sucesso não podem abrir mão.

Douglas Gregorio::.
Agosto de 2008.
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